A Enfermagem em Cuidados Paliativos
O campo da Enfermagem representa a maior categoria de profissionais da saúde no Brasil. “Atualmente, segundo dados do Conselho Federal de Enfermagem (COFEN), somos 2,1 milhões de profissionais integrantes da equipe de enfermagem, dos quais mais de meio milhão estão representados pelos enfermeiros” diz Rudval Souza da Silva, Enfermeiro e membro do Comitê de Enfermagem da Academia Nacional de Cuidados Paliativos (ANCP). A equipe de Enfermagem representa uma força de trabalho vital para a garantia da prestação de um cuidado seguro e eficaz para a população brasileira.
No contexto dos Cuidados Paliativos, a equipe de Enfermagem atua de modo interdisciplinar com vista a um cuidado profissional que visa reduzir o sofrimento e promover conforto e dignidade humana a pessoa com doença grave e sua família, numa perspectiva de atendimento as necessidades humanas básicas afetas de ordem física, emocional, espiritual e social. “Os enfermeiros demonstram um compromisso com os Cuidados Paliativos em prol de um cuidar que tem a qualidade de vida como o principal objetivo, numa perspectiva de promover meios para oferecer mais vidas aos anos, ao invés de anos a vida”, explica o especialista.
Segundo o paliativista trata-se de um cuidado inclusivo, oferecendo ao mesmo tempo cuidados paliativos integrados as terapêuticas modificadoras da doença e, sempre considerando a família do paciente como parte da unidade de cuidados. “O enfermeiro atua com base num cuidar profissional denominado de Processo de Enfermagem, no qual promove educação em saúde, orientações e apoio emocional e social aos pacientes e seus familiares de modo geral. De forma mais específica, o enfermeiro realiza a consulta de enfermagem, que envolve uma avaliação para identificação de problemas, e ao estabelecer os diagnóstico de enfermagem são traçados os planos de cuidados, elementos que quando se trata dos cuidados paliativos, precisa de um olhar diferenciado com base no perfil dos pacientes tendo como base um cuidado para o alívio do sofrimento, o conforto e a dignidade humana” pontuou.
Rudval chama atenção para a importância da qualificação do profissional, integrando uma cultura humanística com conhecimento científico para atuar com segurança e competência. “Para tanto, os profissionais que se propõem a atuar na área dos cuidados paliativos devem buscar uma formação especializada e seu registro junto ao seu conselho de classe, valendo destacar que a Enfermagem em Cuidados Paliativos é uma especialidade do campo da Enfermagem que continua a evoluir como arte e ciência do cuidar e é reconhecida pelo COFEN conforme estabelecido na Resolução Cofen n.º 581/2018” destacou.
O enfermeiro pontuou que recentemente tem se iniciado no Brasil as discussões para a formação do Enfermeiro em Práticas Avançadas, iniciativa da Organização Pan-americana de Saúde (OPAS) em parceria com o COFEN. “A Enfermagem de Práticas Avançadas possibilita desempenhar um papel importante no avanço da Atenção Primária a Saúde e neste cenário, os cuidados paliativos vêm sendo incluídos gradativamente, valendo ressaltar o importante papel da ANCP na construção e publicação da Resolução nº 41, de 31 de outubro de 2018 do Ministério da Saúde que dispõe sobre as diretrizes para a organização dos cuidados paliativos, à luz dos cuidados continuados integrados, no âmbito Sistema Único de Saúde (SUS). Reconhecemos que o enfermeiro paliativista tem um papel importante no cenário da Enfermagem de Práticas Avanças para o fortalecimento do SUS e dos cuidados paliativos na Atenção Primária a Saúde” pontuou.
Rudval também chama atenção para a campanha mundial de fortalecimento da Enfermagem – Nursing Now, que tem como metas aumentar o investimento na melhoria da educação, do desenvolvimento profissional, da regulação e das condições de trabalho para enfermeiros; aumentar a influência destes nas políticas nacionais e internacionais; aumentar o número de enfermeiros em posições de liderança com mais oportunidades para desenvolvimento em todos os níveis de liderança; aumentar as evidências que apoiem as políticas; trabalhar para que os enfermeiros atuem integralmente; e aumentar e melhorar a disseminação de práticas de enfermagem efetivas e inovadoras. A campanha foi desenvolvida pelo Conselho Internacional de Enfermeiras, a Organização Mundial de Saúde e o UK All Party Parliamentary Group on Global Health do Reino Unido, e tem como patrona a Duquesa de Cambridge. O COFEN vem desenvolvendo esta campanha na qual o Brasil é um dos integrantes e teve seu lançamento em Brasília no final de abril.
“Penso que os enfermeiros desempenham papéis cruciais nos cuidados paliativos, e devem estar envolvidos na campanha Nursing Now em prol do fortalecimento da profissão e de melhores evidências que sustentem a atuação dos enfermeiros com competência nas equipes de cuidados paliativos atuando em conjuntos com os demais profissionais de saúde” destacou Rudval.
Rudval Souza da Silva é Enfermeiro, doutor em Enfermagem, especialista em Cuidados Paliativos pela Asociación Pallium Latinoamérica Universidad Del Salvador, Buenos Aires – Argentina, professor adjunto da Universidade do Estado da Bahia (UNEB/Campus VII) e Docente Permanente dos Programas de Pós-graduação em Enfermagem e Saúde – UFBA e Mestrado em Saúde Coletiva – UNEB. Conselheiro Suplente do Conselho Regional de Enfermagem da Bahia onde coordena o Grupo de Trabalho em Cuidados Paliativos e membro do Comitê de Enfermagem da ANCP.