Atuação do profissional de Psicologia em Cuidados Paliativos
Um dos principais pilares dos Cuidados Paliativos é valorizar o cuidado centrado na pessoa, levando em conta suas particularidades e todas as dimensões da vida afetadas pelo adoecimento. Por isso, a importância de se oferecer um cuidado integral, que requer um trabalho feito por uma equipe interdisciplinar. Entre os profissionais diretamente envolvidos nesta tarefa está o psicólogo.
A inserção da Psicologia nos Cuidados Paliativos tem sido recentemente discutida e pensada no sentido de identificar sua especificidade no contexto das doenças crônicas e potencialmente fatais, o que exige um olhar atento, uma escuta ativa, o reconhecimento de que se trata de um condição modificadora das expectativas de vida de pacientes e de seus familiares, com todas as implicações decorrentes das perdas vivenciadas durante todo o processo, que envolvem questões como o manejo de notícias difíceis, o enfrentando da dor e de sintomas incapacitantes, o prejuízo da autonomia, a tomada de decisões frente às escolhas terapêuticas, preocupações sócio-econômicas, o sofrimento familiar e o ajustamento dos papéis sociais, a vivência do luto em suas diferentes formas de manifestação, a angústia existencial, o medo da morte, entre outras demandas.
Deste modo, por ocasião do dia do psicólogo, a ser celebrado no dia 27 de agosto, gostaríamos de destacar as principais ações que temos feito para dar a visibilidade ao trabalho do Psicólogo no cenário brasileiro dos Cuidados Paliativos. Após o levantamento do perfil dos profissionais da Psicologia envolvidos nesta prática, realizado através de um questionário, cujo resultado foi divulgado no último Congresso Nacional de Cuidados Paliativos da Academia Nacional de Cuidados Paliativos (ANCP), realizado em novembro de 2018, estamos organizando Grupos de trabalho, que tem por objetivo construir diretrizes norteadoras da prática do Psicólogo que atua em Cuidados Paliativos.
O questionário foi respondido por 172 psicólogos e desses, a maioria está concentrada na região sudeste. Os estados com maior número de psicólogos paliativistas são SP com 67, RJ com 18, BA com 15, MG com 14 e RS com 10. O levantamento revelou que a maioria atua sem ter realizado uma especialização em Cuidados Paliativos e ou Luto. Foi possível também verificar que a maioria atua em equipe formalizada (68%), onde o serviço é reconhecido (66%), o modelo de trabalho é interdisciplinar (68%) e as principais modalidades de atendimento são em enfermaria (31%) e interconsulta (26%). 79 psicólogos ainda relataram serem os únicos em suas equipes.
O comitê de Psicologia da ANCP busca estabelecer parcerias de trabalho com os psicólogos interessados em colaborar com este delineamento e para isso, apresenta as seguintes propostas:
GT 1. Levantamento de bibliografia nacional e internacional sobre Psicologia e Cuidados Paliativos (Coordenadoras: Maria Helena Pereira Franco e Maria Júlia Kovács)
GT 2. Levantamento dos programas de cuidados paliativos e inserção da psicologia (Coordenadoras: Daniela Achette e Débora Genezini)
GT 3. Elaboração das recomendações mínimas para ações e práticas dos psicólogos em programas de cuidados paliativos (Coordenadoras: Silvana Aquino e Juliana Mattos)
Esperamos com isso, fortalecer e sedimentar o papel do psicólogo nos CP, alinhando o olhar e a prática junto às pessoas que se encontram nesta jornada em busca de um cuidado digno e que possibilite melhor qualidade de vida.
Os psicólogos interessados em colaborar, podem se inscrever pelo site: https://paliativo.org.br/comites-de-trabalho-ancp-candidatura-membro-comite/
Lembrando que para fazer parte do comitê é necessário ser associados a ANCP, no caso de dúvidas no preenchimento envie um e-mail para: comites@paliativo.org.br.