Cuidados Paliativos na ASCO 2018
Por: Andrea Ferrian*
Entre os dias 01 a 05 de Junho 2018, ocorreu em Chicago – EUA, o Congresso de Oncologia da Sociedade Americana de Oncologia Clínica (ASCO), o maior congresso desta especialidade. Durante o evento ocorreram diversas apresentações a respeito dos Cuidados Paliativos Oncológicos.
Foi abordado o papel do Cuidado Paliativo em paciente com câncer de pulmão frente as novas terapêuticas. Foram selecionados os principais artigos publicados nos últimos anos que evidenciam o benefício do acompanhamento precoce da equipe de cuidado paliativo em conjunto com o tratamento quimioterápico em paciente com câncer de pulmão metastático; uma discussão sobre o valor de se ter uma equipe de cuidados paliativos, onde os modelos de pagamento levam em consideração o custo versus qualidade; e as principais terapêuticas complementares: como as modalidades da mente/corpo como yoga, Tai chi, hipnose, musicoterapia, meditação; massagem; reabilitação pulmonar; acupuntura e intervenções dietéticas para melhor qualidade de vida e controle de sintomas, muitas delas com base científica.
Outro tema discutido foi o uso abusivo dos opioides, assunto de muita relevância nos Estados Unidos, país onde se vivencia altos índices de adicção e até mesmo suicídio, pelo uso não médico do opioide, repercutindo no acesso dos pacientes oncológicos as medicações analgésicas. O Dr. Eduardo Bruera destacou a necessidade de avaliar o risco do paciente desenvolver dependência, utilizando uma triagem rápida como a escala CAGE. Pacientes tabagistas, com antecedentes de etilismo ou uso de droga ilícita tem maiores chances de desenvolver adicção. Ressalta a importância de sempre avaliar bem a dor do paciente em relação a intensidade e outros fatores associados que podem piorar este sintoma.
A gestão ambulatorial também foi discutida, em destaque para o modelo integrado de atendimento (embedded model) como opção mais efetiva por manter um contato mais próximo a equipe da oncologia e estratégias de financiamento do ambulatório (diminuição de custos, além de agregar valor ao atendimento).
A comunicação foi outro tema bastante discutido. Ressaltou-se a importância de se manter uma boa comunicação pois 30% dos pacientes com câncer avançado tem, no seu fim de vida, pior qualidade de vida e super exposição aos tratamentos oncológicos. Estudos evidenciam que apenas 39% dos oncologistas discutem sobre prognóstico com seus pacientes e naqueles em que estão próximos do fim de vida, 62% das famílias relatam que nunca discutiram com os médicos a possibilidade de morte de seus familiares.
Outra palestra decorreu o conteúdo do Guideline da ASCO de comunicação de más notícias, publicado em Outubro de 2017, com um roteiro de como conduzir a conversa sobre o prognóstico, através do estabelecimento dos objetivos do cuidado, entendimento do paciente frente a sua doença, opções de tratamento e cuidados no fim de vida.
*Andrea Ferrian é oncologista clínica com área de atuação em Cuidados Paliativos. É médica coordenadora do Núcleo de Suporte e Cuidados Paliativos da BP – A Beneficência Portuguesa de São Paulo, pós graduada em Cuidados Paliativos pelo Instituto Paliar.