Do tormento à paz: a morte do meu sogro
FOLHA DE S.PAULO – MORTE SEM TABU Por: Camila Appel
No fim do carnaval, meu marido recebeu a notícia de que seu pai estava internado em uma clínica de saúde de uma pequena cidade de Minas Gerais. No dia seguinte, a internação passou para uma cidade próxima, maior. O movimento se justificava porque onde ele estava não tinha UTI. Fizemos as malas.
Fiquei impressionada com a estrutura do hospital. Moderno, com procedimentos claros e bem protocolados. Estrutura tecnológica, UTI aparentemente humanizada, última geração. Demorei para perceber que aquilo era a cópia da cidade grande em todos seus aspectos. No avanço, mas também na imitação da forma como se trata a morte moderna ocidental.
A imagem do meu sogro na UTI foi chocante. A mão direita enfaixada para prender os dedos, ágeis e compridos. E claro, impacientes. Os dois pulsos presos à cama com faixas. Um de cada lado. Fios conectados ao peito, sondas e bipes intermináveis. Um homem que passou a vida toda fugindo do hospital, prezando autonomia acima de tudo, agora se via em uma prisão. Da qual não podia reagir ou contestar. Sequer compreender.
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