Congresso Europeu de Cuidados Paliativos de 2019
O Congresso Europeu de Cuidados Paliativos é um evento único. Com mais de 2000 pessoas do mundo todo, incluindo 30 brasileiros, esse evento foi marcante pelo discurso político de alguma forma foi assumido pela organização. Na abertura, com Dr Rajagopal e no último dia, com o Dr. Cristian Ntizimira, ao longo de 3 dias, vários temas perpassam as salas do Hotel Estrel, em Berlim.
Como destaques: a discussão sobre a matrix educacional, desde graduação. A Sociedade Europeia desenvolveu recomendações que podem ser adaptadas no Brasil; As diferenças entre as prioridades dadas em relação aos Cuidados paliativos entre os países denominados em desenvolvimento e desenvolvidos – doenças oncológicas, doenças infecciosas e entre esses dois pólos, as demências e as falências orgânicas; a importância da inserção dos cuidados paliativos na atenção primária – workshop interessante com Scotty Murray e Sebastian Moine; a ampliação do uso de métodos complementares de cuidado como mindfulness aos profissionais e pacientes; a tecnologia – programas estatísticos, análise de sobrevida, indicadores assistenciais a favor do desenvolvimento de ferramentas de gestão; a parceria com a ESMO e um número significativo de posters científicos de áreas variadas dos 4 campos do mundo.
A sempre discussão sobre eutanásia e suicídio assistido e os desafios advindos com essa prática, os desafios da comunicação, principalmente no que tange as expectativas entre pacientes e seus familiares, por vezes díspares, como mostrou uma psicóloga da República Tcheca. A pesquisa no campo dos Cuidados Paliativos – o que se pesquisa, como se pesquisa e quais os objetivos – foi outro ponto alto do congresso, especialmente quando se questionou o número elevado de pesquisas sem aplicabilidade na prática universal.
O que se leva do evento é uma discussão aprofundada sobre conceito e suas interpretações, a inclusão de subpopulações como pediatria, geriatria, refugiados e os denominados homeless, o acompanhamento espiritual cada vez mais sistematizado, os avanços farmacológicos para controle de sintomas e acima de tudo, a certeza que sem trocar experiências, não conseguiremos avançar em nossos locais. Muito interessante os avanços assistenciais e na gestão, especialmente em relação a dispensação de medicações que países ditos “ em desenvolvimento” estão fazendo. Bangladesh, Nigéria, Uganda e Índia são países exemplos na determinação de oferecer cuidados paliativos de qualidade.
O próximo congresso da EAPC – o chamado congresso Europeu será em 2021 e em Helsinki, Finlândia. Todos os profissionais envolvidos com os cuidados paliativos não deveriam perder. Apesar do frio, acontecerá em maio (temperatura mais amena) e será mais uma oportunidade não apenas de atualizar, mas de conhecer pessoas e o que elas fazem pelos, para e através dos cuidados paliativos.