Entidades internacionais alertam para pandemia global de dor
Fonte: ESMO
Governos do mundo todo estão deixando milhões de pacientes oncológicos em sofrimento desnecessário pela falta de políticas de saúde adequadas que permitam o acesso a medicamentos de controle e alívio da dor. Este é o resultado de uma pesquisa anunciada no final de setembro pela European Society of Clinical Oncology (ESMO), em seu congresso anual. A pesquisa mostra um quadro de pandemia em escala global de dor.
“É uma situação de sofrimento desnecessário terrível”, afirma o professor Nathan Chermy, coordenador da pesquisa e responsável pelo Grupo de Trabalho em Cuidados Paliativos da ESMO. “Dor oncológica é a causa de muito sofrimento em escala global não somente porque não temos as ferramentas necessárias para atenuá-las, mas também por que a maioria dos pacientes não tem acesso a medicamentos essenciais”, afirmou. “Essa pandemia afeta bilhões de pessoas: não só os pacientes, mas também familiares e cuidadores que assistem impotentes o sofrimento dessas pessoas”, ressaltou.
O International Collaborative Project to Evaluate the Availability and Accessibility of Opioids for the Management of Cancer Pain (Projeto internacional colaborativo para avaliar o acesso a opioides para o manejo da dor oncológica) é uma iniciativa da ESMO, coordenada pela European Association of Palliative Care (EAPC), com o apoio do Pain and Policies Study Group (PPSG) da University of Wisconsin Carbone Cancer Center, da Union for International Cancer Control (UICC) e da Organização Mundial da Saúde (OMS). Essas entidades contaram com a colaboração de outras 17 instituições internacionais, entre as quais a Associação Latino-Americana de Cuidados Paliativos (ALCP), da qual fazem parte o presidente e o vice-presidente da Academia Nacional de Cuidados Paliativos (ANCP), respectivamente Dr. Roberto Bettega e Dr. Luis Fernando Rodrigues.
Os dados foram coletados entre dezembro de 2010 e julho de 2012: um total de 156 relatórios submetidos por especialistas de 76 países e 19 estados indianos. Os relatórios representam 58% dos países no mundo e 83% das populações da África, Ásia, Oriente Médio e América Latina.
Entre os resultados achados pelos pesquisadores, destacam-se:
- Falta de políticas de saúde que garantam o acesso aos sete opioides considerados essenciais segundo a International Association for Hospice and Palliative Care (IAHPC). Estes medicamentos incluem, entre outros, codeína, morfina, oxicodeína oral e fentanil injetável.
- Nos piores casos, não é possível achar nem três, dos sete medicamentos recomendados.
- Esses medicamentos, quando achados, não são subsidiados ou o subsídio é mínimo.
- Há um excesso de políticas restritivas e burocráticas com diversas normas que limitam o acesso, a prescrição, a duração da receita e a quantidade de medicamento que pode ser prescrito.
Os pesquisadores concluíram que é urgente a necessidade dos governos reverem suas políticas de acesso a opioides para o tratamento da dor oncológica. O Brasil destaca-se ente os países em que o acesso ainda é restrito.
A pesquisa completa será publicada em 2013.
Para ler o relatório e esta material na íntegra, visite o site: http://www.esmo.org/home.html