A experiência de uma equipe de Cuidados Paliativos no Brasil em um hospital público
Na década de 1980, o Hospital das Clínicas (HC) da UFMG, de Belo Horizonte-MG começou, de certa forma, a prestar o Cuidado Paliativo com foco maior no controle da dor. A partir daí se iniciou uma evolução e, em 2009, o HC começou a pensar de fato no Cuidado Paliativo. Por meio de informações na literatura, uma equipe mínima foi formada na época, composta por médico, assistente social e psicólogo.
Segundo Fabiano Moraes Pereira, coordenador da equipe de Cuidados Paliativos, foi mais fácil iniciar o trabalho no pronto atendimento (PA). “A gente precisava sensibilizar outras equipes. Como os residentes começaram a ficar no PA, eles levaram nosso trabalho para os andares. Dessa forma, a gente conseguiu chegar também nas enfermarias. Começamos a participar de simpósios e reuniões clínicas, sempre procurando um espaço para falar do Cuidado Paliativo”, comentou.
Fabiano também destacou a importância de montar um plano de negócios com indicadores para mostrar para a diretoria que vale a pena ter uma equipe de Cuidados Paliativos. “Em 2016 a diretoria do HC nos disse: o Cuidado Paliativo não pode ter o perfil de idade, não pode ter o perfil de uma especialidade. Ele deve ser uma linha de cuidados dentro do hospital. Então, em 2017 a gente começou a ter a linha de Cuidados Paliativos no HC”, contou. Atualmente, a sua equipe é formada por médico, enfermeiro, farmacêutico, psicólogo e médico acupunturista.
O objetivo da equipe é suporte às diversas clínicas, comunicação de más notícias, controle de sintomas, planos de cuidados, suporte aos familiares, entre outros. A equipe do HC também atua na oferta de estágios e cursos, integração na graduação, produção científica e integração com a rede SUS. “Nós precisamos muito ofertar o Cuidado Paliativo, estruturar os números e mostrar resultados semelhantes aos que já tem na literatura. A gente quer que o hospital todo tenha condições de fazer Cuidados Paliativos básicos. Para isso, temos um treinamento pessoal intenso para várias especialidades”, finalizou Fabiano.
Fabiano Moraes Pereira, é médico geriatra titulado pela SBGG, com área de atuação em Medicina Paliativa pela AMB, pós-graduado em Gestão de Sistemas de Saúde pela Fundação Getúlio Vargas, e coordenador da equipe de cuidados paliativos do Hospital das Clínicas da UFMG. E esteve entre os palestrantes internacionais do VII Congresso Internacional Cuidados Paliativos da ANCP, realizado entre os dias 21 e 24 de novembro de 2018.