Hospedaria de Cuidados Paliativos do HSPM DE SÃO PAULO
A Hospedaria de Cuidados Paliativos do Hospital do Servidor Público Municipal de São Paulo (HSPM) foi criada para atender ao crescente número de pacientes na terminalidade da vida que morriam no Hospital do Servidor Público Municipal, uma autarquia que atende os funcionários públicos municipais e seus dependentes. A maioria dos pacientes internados têm mais de 60 anos e apresentam múltiplas comorbidades, muitos em Unidades de Terapia Intensiva (UTI), recebendo procedimentos invasivos desproporcionais e que prolongavam artificialmente a vida muitas vezes às custas de mais sofrimento e indignidade.
Então o processo de elaboração do projeto de Cuidados Paliativos da Hospedaria do HSPM, com identificação de profissionais do próprio hospital que foram submetidos a treinamento, teve início em 2002. A inauguração da Hospedaria de Cuidados Paliativos ocorreu em 4 de junho de 2004, recebendo pacientes que não tinham condições de permanecer em domicílio, pela multiplicidade de sintomas e rede de apoio familiar frágil. Segundo Dalva Yukie Matsumoto, médica Oncologista e Coordenadora da Hospedaria de Cuidados Paliativos do HSPM, o modelo escolhido foi de casa de apoio, próximo ao hospital, com pacientes provenientes das enfermarias e que não replicasse o modelo hospitalar e com um ambiente familiar e acolhedor. E a partir de 2005 iniciou-se o ambulatório no hospital agregando o serviço de assistência domiciliar já existente, sob a ótica dos Cuidados Paliativos e coordenação da equipe da hospedaria.
O local tem capacidade para 10 pacientes com prognóstico de semanas a meses de vida, com necessidade de controle de sintomas, sendo obrigatória a presença de um cuidador formal. Os pacientes ficam aos cuidados da equipe multiprofissional e recebem visitas médicas formais 3 vezes por semana. Os médicos ficam à disposição da equipe à distância 24 horas por dia com disponibilidade de visitas presenciais quando necessário. Atualmente a equipe conta com seis médicos, uma psicóloga, uma assistente social, que assistem os pacientes na Hospedaria, hospital e domicílio. Tem também dois enfermeiros e 13 técnicos de enfermagem na Hospedaria de Cuidados Paliativos e um técnico de enfermagem na assistência domiciliar.
Em média 40 novos pacientes são recebidos no serviço por mês, a maioria através dos pedidos de interconsulta do hospital. “Ainda não possuímos leitos próprios no hospital, estamos em tratativas para leitos que receberiam pacientes críticos e com necessidades de permanecer em ambiente hospitalar”, pontuou a coordenadora. Dra. Dalva informa também que após a alta hospitalar os pacientes são encaminhados para atendimento ambulatorial, assistência domiciliar ou para a Hospedaria de Cuidados Paliativos, de acordo com diagnóstico, prognóstico e funcionalidade. Com a participação de um orientador espiritual, a equipe técnica se reúne semanalmente para discussão de casos e elaboração de plano de cuidados para os pacientes.
No local também são realizadas várias atividades de lazer e troca de vivências e espaço de escuta. “Temos grupos de voluntários que oferecem várias atividades, terapias integrativas e apoio espiritual”, explicou a médica. Além de acolher e cuidar do paciente e seus familiares, a equipe tem como desafio orientar e corrigir equívocos conceituais dos profissionais de outras especialidades. “Ainda observamos resistência por parte de algumas clínicas e profissionais que por desconhecimento, enxergam o cuidado paliativo como cuidado de final de vida, dificultando o encaminhamento adequado e precoce como é orientado pela Organização Mundial da Saúde (OMS). Desta forma ainda um número considerável de pacientes que chegam ao nosso serviço com doença muito avançada, com prognóstico reservado e em grande sofrimento” destacou Dalva Yukie Matsumoto.
Informamos que as informações e opiniões apresentadas nesse texto são de responsabilidade do entrevistado, não necessariamente reflete a opinião da ANCP.