Música clássica para aliviar a dor
Em uma unidade de cuidados paliativos, as pessoas encaram dores agudas ou crônicas que precisam ser tratadas rapidamente porque esgotam o paciente tanto física como psicologicamente.
No Hospital Sainte-Périne, em Paris, o médico Jean-Marie Gomas, da Unidades de Dores Crônicas e Cuidados Paliativos, e sua equipe estão em alerta para limitar a dor sempre que possível. Além dos cuidados clássicos, como a administração de morfina, o especialista aderiu também à terapia artístico-musical. Inúmeros estudos já mostram o poder relaxante da música sobre quem sofre de dores crônicas. Isso porque ela estimula a secreção cerebral de hormônios que aliviam a dor, como a dopamina.
Mas o que faz com que a iniciativa no serviço seja original é a presença da violoncelista e concertista Claire Oppert, formada em musicoterapia. Ela faz música ao vivo para os pacientes, com seu violoncelo que emite vibrações parecidas com a voz humana.
Uma história surpreendente
A experiência do “Curativo Schubert” nasceu lá mesmo no hospital Saint-Périne. Uma paciente com Alzheimer, muito agitada, recusava toda e qualquer forma de tratamento. Claire começou a tocar o movimento lento do segundo trio de Schubert e, quase imediatamente, a paciente se acalmou e a enfermeira conseguiu fazer uma punção venosa. Surgiu assim o “curativo Schubert”.
Com o consentimento do paciente ou de sua família, a violoncelista toca no quarto enquanto são realizados procedimentos dolorosos. Ela adapta sua escolha musical em função do desejo dos pacientes, de sua cultura, religião ou etnia, ou de acordo com um estudo do prontuário médico, no caso dos pacientes que não conseguem se expressar. “Minha formação em música me ajuda a sentir as emoções do paciente”, explica.
Resultados encorajadores
“Os pacientes sempre falam e os primeiros resultados já mostraram uma atenuação da dor de 10% a 30% logo após um ‘curativo Schubert’”, afirma Gomas. “Ainda que não substitua a morfina, a música envia ondas positivas que acalmam a dor e a ansiedade. Também provoca uma descontração muscular que promove uma melhor respiração. Isso foi constatado principalmente nos pacientes em coma que, durante a sessão de música, apresentaram uma respiração mais tranquila”, explica o especialista.
A sessão musical leva de 20 minutos a uma hora, caso inclua o momento do banho. “É comum que o paciente cante junto, sussurre ou mesmo imite os movimentos de um maestro”, diz Claire. “O que confirma que a música é realmente importante para os cuidados”, conclui.
Traduzido do francês. Leia o artigo original aqui.