Serviço de Cuidados Paliativos do HC-UFMG
A equipe de Cuidados Paliativos Adulto do Hospital das Clínicas da Universidade Federal de Minas Gerais (HC-UFMG) iniciou seu trabalho oficialmente em março de 2009, completando 11 anos agora em 2020. Já a equipe de Cuidados Paliativos Pediátricos foi reconhecida como Grupo de Cuidado Paliativo Pediátrico em 2013. Sendo a Política e o Programa Institucional de Cuidado Paliativo, em vigor até dias atuais, elaborada em 2016. Porém segundo a coordenadora da Grupo de Cuidado Paliativo Pediátrico (CPPED) Tatiana Matos do Amaral, os primórdios do Cuidado Paliativo no HC-UFMG remontam a 1999, “Na época, houve pouco impacto nos cuidados, pela falta de integração entre os diversos setores do hospital, porém começaram a surgir, de forma incipiente, ações tais como reuniões periódicas, discussões teóricas e demanda para desospitalização”, informou.
Segundo o coordenador da equipe de Cuidados Paliativos Adulto do HC-UFMG, o médico Fabiano Moraes Pereira, a equipe é atualmente composta por dois médicos geriatras com área de atuação em medicina paliativa em tempo integral (24 horas/semana). Atuando em tempo parcial com outro médico geriatra com área de atuação em medicina paliativa, médico acupunturista, psicólogo, farmacêutico e enfermeiro. A equipe realiza mensalmente em média 60 consultas ambulatoriais e 200 visitas a pacientes internados. Já a equipe de Cuidados Paliativos Pediátricos conta com três médicos, sendo um deles exclusivo, além de profissionais de farmácia clínica, terapia ocupacional, fisioterapia, assistente social, enfermagem, fonoaudiologia, nutrição, psicologia, odontologia, e padre presentes na assistência do paciente internado, assim como de pacientes ambulatoriais. O CPPED atende no ambulatório semanalmente 12 a 15 pacientes que são avaliados por mais de um profissional, e na enfermaria o atendimento é realizado em média à 15 pacientes por dia.
Fabiano explica que o trabalho na equipe adulto é feito em duas frentes, atuando como interconsultora e como assistente. Como interconsultora assessora a equipe assistente na comunicação de notícias difíceis, no controle de sintomas, na organização da alta e no suporte à família. No papel de equipe assistente são responsáveis por toda assistência ao paciente e à família. “Trabalhando desta forma não é criada uma ilha de excelência em cuidados paliativos dentro do hospital e todo e qualquer paciente que necessite terá suporte da equipe”, afirmou. O médico informa que além do benefício ao paciente imediato, a interconsulta propicia o contato dos residentes e preceptores de outras áreas com o cuidado paliativo e o conhecimento adquirido, por consequência, beneficiará outros pacientes. Outro diferencial é receber estagiários de outras áreas como geriatria, medicina de família, psiquiatria, medicina de emergência, clínica médica, enfermagem, psicologia, farmácia clínica, entre outros menos regulares, potencializando a difusão do conhecimento.
No CPPED há diariamente incluindo fins de semanas e feriados, assistência aos pacientes internados na Unidade de Cuidado Intensivo Pediátrico, nas Unidades de Internação Pediátrica e Pronto Atendimento Pediátrico realizado por pediatras que atuam em cuidado paliativo e que supervisionam médicos residentes, alunos de graduação de medicina da disciplina de Internato e residentes do programa multiprofissional. “O alinhamento na direção dos casos se dá semanalmente em reunião da equipe de cuidados paliativos pediátricos envolvida na assistência das crianças”, explicou Tatiana. Segundo a médica o atendimento ambulatorial ocorre semanalmente e conta com profissionais da nutrição, psicologia, farmácia, odontologia, enfermagem. São também realizados atendimentos para enlutados. A interação com a especialidade médica se dá através de reuniões mensais para a discussão de casos em comum da oncologia pediátrica, aulas teóricas e discussões de casos das áreas de nefrologia, cardiologia, pneumologia, neurologia, gastroenterologia, medicina intensiva. Em alguns casos a assistência se dá junto aos profissionais da clínica médica e cuidado paliativo adulto e mais frequentemente com neonatologistas para transição de cuidados.
Na parceria entre as equipes são realizadas atividades de treinamento para as equipes assistenciais, tais com o aprendizado da técnica de hipodermóclise. O encontro com a Faculdade de Medicina e com a Faculdade de Enfermagem se dá na realização de aulas teóricas quando solicitadas e aulas na pós-graduação. E há dois anos foi aprovada a residência em Cuidados Paliativos do HC/UFMG e também em 2019 foi aprovada a residência em Cuidado Paliativo Pediátrico do Hospital Estadual João Paulo II em parceria com o grupo de Cuidados Paliativos Pediátricos. Em parceria com a clínica de dor, as equipes promovem eventos de formação e sensibilização na instituição. Graça a isso foi realizado em 2019 o I Congresso de Cuidado Paliativo do HC/UFMG.
Para o médico paliativista Fabiano Pereira, o maior desafio enfrentado pela equipe que faz o atendimento à adultos é o de manter os profissionais em uma instituição que tem poucos recursos financeiros, contudo o apoio da diretoria permite que o trabalho seja desenvolvido. “Prestar contas das atividades da equipe à diretoria é fundamental para que essa parceria se mantenha saudável. Temos estreitas relações com nossos principais clientes internos: oncologia, cardiologia, pneumologia, neurologia, geriatria, cirurgia geral, cirurgia do aparelho digestivo, entre outras.”, pontuou o especialista. Para a médica paliativista Tatiana Amaral, o maior desafio se refere ao tamanho da equipe que não comporta a extensa demanda para o cuidado paliativo pediátrico. “Os desafios são constantes e variam de acordo com o tempo de atuação e com a experiência da equipe” destacou.
Informamos que as informações e opiniões apresentadas nesse texto são de responsabilidade do entrevistado, não necessariamente reflete a opinião da ANCP.