Serviço de Terapia da Dor de Cuidados Paliativos da Fundação Centro de Controle de Oncologia do Estado do Amazonas
O Serviço de Terapia da Dor de Cuidados Paliativos da Fundação Centro de Controle de Oncologia do Estado do Amazonas (FCecon), localizado na cidade de Manaus, teve seu início em 1997, “essa semente foi plantada desde 1990 com a implantação da Clínica de Dor da Fundação Cecon” explicou Mirlane Cardoso, médica anestesiologista e paliativista, gerente e fundadora do Serviço de Terapia da Dor de Cuidados Paliativos da Fundação Centro de Controle de Oncologia do Estado do Amazonas (FCecon), sendo uma das equipes de Cuidados Paliativos em atividade mais antigas do país.
Segundo Mirlane, a equipe é multiprofissional com atuação interdisciplinar, pois ainda não foi possível chegar a esse nível de transdisciplinariedade, “Mas damos assistência aos pacientes com câncer, a princípio com doença avançada”, pontuou a médica. Ela também informou que atualmente a equipe já trabalha de uma maneira mais precoce tanto a nível hospitalar, com enfermaria de Cuidados Paliativos com dez leitos a princípio destinados, e no Ambulatório com o de Dor, o multiprofissional, o de triagem, e o pós-luto que está em implantação. “O nosso grande diferencial é o atendimento domiciliar e o fato que desde o início trabalhamos com a formação acadêmica”, destaca Mirlane.
A equipe atualmente conta com três anestesistas, com área de atuação em Dor e Medicina Paliativa, dois médicos com atuação em clínica médica, dois psicólogos, quatro enfermeiros, um fisioterapeuta, um assistente social, quatro técnicos de enfermagem, uma capelã, um motorista, um agente de administrativo, um estagiário administrativo e o voluntariado treinado. De segunda a sexta-feira, o serviço atende de 20 a 28 pacientes por dia no Ambulatório de Dor. Mirlane informou que no presente estão com 76 pacientes em visita domiciliar e seis pacientes internados em atendimento hospitalar. “Em 2018, foram realizadas cerca de 1.500 visitas domiciliares, e até outubro de 2019, cerca de mil visitas” pontuou.
Segundo a gerente e fundadora do serviço, entre os desafios de realizar o trabalho de Cuidados Paliativos está regionalização. Manaus é uma cidade que tem um crescimento horizontal muito grande e o deslocamento das equipes termina sendo mais prolongado e diminuindo a quantidade de possibilidade de visitas em função disso. “A nossa realidade é bem diferente dos outros Estados” enfatizou Mirlane. Uma das soluções encontrada pela equipe foi organizar a atuação em zonas. A médica relatou que a população é bem interiorana, e que para se chegar no interior são necessários dias de viagem de barco. “Essas distâncias, que são grandes, acabam influenciando na forma como você trata e nas condutas. Essa adaptação regional, tanto à distância geográfica, quanto à adaptação cultural, influencia na assistência na questão de alimentação, nas tomadas de medicamentos, e na forte cultura indígena” explicou.
Entre os destaques do Serviço de Terapia da Dor de Cuidados Paliativos da FCecon está a inauguração de uma enfermaria voltada para adaptação da população indígena, com redes no lugar de leitos e com cuias para alimentação. “Quando eles vêm para Manaus têm alguns que associam dores a mais em função de se submeter a dormir em leitos de hospital e alguns até desistem de se tratar porque não se sentem bem” exemplificou.